17/03/2012
Por Norita M.Dastre
Em vários momentos de nossa vida nos pegamos bocejando ao olharmos uma pessoa bocejando, tendo atitudes iguais às de nossos companheiros, baixando o tom de voz quando alguém nos fala baixinho, imitando um comportamento de alguém, ou seja, aprendendo por meio da imitação.
Estudos sobre a capacidade que os seres humanos têm de imitarem expressões faciais e comportamentos vêm sendo realizados por vários cientistas, dentre eles o Dr. Andrew Meltzoff (1977) que estudou as imitações das expressões faciais feitas por bebês recém-nascidos.
Como se pode observar na Fig. 1, a cada expressão facial do médico o bebê correspondeu com perfeição, significando que algum processo mental, ainda desconhecido, ocorria nesse momento de observação da criança.
Fig.2 Dr. Andrew Meltzoff e um bebê com 18 dias de vida.
Na década de 1990, Rizzolatti (1988) e colaboradores observaram a área pré-motora ventral (F5) de macacos Rhesus e descobriram que nessa região, do controle das mãos, neurônios disparavam quando o macaco realizava um determinado movimento como empurrar, puxar e agarrar. Descobriram que essas mesmas células também disparavam quando o animal apenas observava alguém realizando as mesmas ações.
Posteriormente em estudos realizados em humanos utilizando a tecnologia da IRMf, observou-se que as mesmas áreas cerebrais (frontais) são ativadas durante a execução e a observação de ações.
Essa capacidade de imitação é inata e independe da memória, pois qualquer ação realizada diante de nós pode ser executada, o que faz da imitação uma possibilidade de aprendizado.
Esses neurônios formam um sistema que por conta da capacidade de “espelhamento” das ações de alguém receberam o nome de Neurônios Espelho.
Todo educador pode lançar mão desse recurso neural para o ensino, pois as crianças podem aprender e se desenvolver por meio da imitação. Não é o que ocorre nas atividades esportivas, nas aulas de dança, de canto ou de música? Imita-se para se especializar no ato motor.
No entanto, a imitação pode ser uma habilidade prejudicial ao indivíduo. A partir do momento em que ele se “espelha” nas atitudes inadequadas dos outros. Como por exemplo, ao observar pessoas ingerindo bebidas alcoólicas, fumando, sendo violentas, não se alimentando para se manter magro, se drogando, etc., muitos jovens e crianças acabam por desenvolver esses comportamentos. Estudos estão sendo realizados (GOMIDE, 2000) sobre a influência de filmes violentos no comportamento das crianças e dos adolescentes.
Essa questão nos leva a refletir sobre o poder da mídia e dos “modelos” de comportamento de pais, parentes, amigos sobre a vida dessas crianças. O quanto os adultos influenciam na formação das crianças já que elas podem aprender muito por meio dos exemplos das pessoas que convivem diariamente com elas. Assim como na escola os seus professores, os funcionários e os seus colegas também são modelos para o seu comportamento.
Sugestão de vídeo já postado neste blog
Figura 1: MELTZOFF. A. N, MOORE. M.K,: Imitation of Facial and Manual Gestures by Human Neonates Disponível em: < http://www.cs.swarthmore.edu/~meeden/DevelopmentalRobotics/77Meltzoff_Moore_Science.pdf> Acesso: ago/2011.
GOMIDE P. I. C. A influência de filmes violentos em comportamento agressivo de crianças e adolescentes. In Psicologia: Reflexão e crítica. 2000.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722000000100014&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Acesso: jun, 2011.
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