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16 de set. de 2012

O paradoxo da memória visual

 

O paradoxo da memória visualVocê se lembra do que comeu há uma semana? Talvez, mas é pouco provável. Mas, se você tiver acabado de comer, é quase certo que você se lembre de tudo em detalhes. O que acontece com essas recordações durante esse período? Elas se perdem lentamente ou simplesmente somem de uma vez?

Alguns estudos indicam que essas memórias duram algo entre 4 e 10 segundos. Outros estudos provam que, mesmo após 20 minutos, a precisão dessa recordação pode ser ainda muito alta. Apesar de parecer um paradoxo, há uma boa explicação científica para o que ocorre no cérebro.

Como já foi abordado num artigo anterior, uma imagem como a de um prato de comida é captada pelo cérebro através da visão que a armazena num tipo de memória sensorial chamado de memória visual. O problema é que esse tipo de memória mantém a informação por menos de 2 segundos, tempo suficiente para ser processada, analisada e interpretada. Se o cérebro julgar que é uma informação importante, ele a move para outro tipo de memória chamado de memória de trabalho. É a memória de trabalho que nos permite lembrar de coisas por um breve período para, por exemplo, copiar anotações de um caderno.

Cientistas quiseram testar se essa memória sumia lentamente ou de uma só vez, então desenvolveram um teste simples que consistia em mostrar rapidamente três quadrados coloridos numa tela. O participante deveria lembrar a cor de cada quadrado e, após um período de 1 ou 4 ou 10 segundos, os quadrados apareciam novamente, só que desta vez sem as cores. A tarefa do participante era de indicar qual era a cor de um quadrado específico.

Nesse estudo, os cientistas descobriram que os participantes eram bem precisos nos períodos de 1 e 4 segundos, mas depois a precisão caía drasticamente, indicando que o participante estava tentando adivinhar a resposta. Esse resultado está alinhado com o de vários outros estudos sobre a memória de trabalho indicando que ela não some lentamente, mas de repente após um certo tempo.

Outro estudo adotou uma abordagem diferente. Os pesquisadores mostravam ao participante uma sequência de 3.000 imagens de cenas diferentes, como ondas no oceano, campos de golfe e parques de diversão. Vinte minutos depois, eram exibidos ao participante 200 pares de imagens, sendo que uma era de uma das cenas apresentadas e a outra uma imagem completamente nova, e o participante tinha que indicar qual era a da cena apresentada anteriormente.

Os resultados foram que 96% dos participantes acertaram a reposta, o que demonstra ser um bom número, especialmente se levado em consideração o intervalo de 20 minutos. A explicação para essa boa taxa de acerto está no fato de que essas informações haviam sido transferidas para outro tipo de memória, a de longo prazo.

Esses experimentos representam um paradoxo: como somos capazes de lembrar tão grande quantidade de informações detalhadas em alguns casos e, em outros, nem sequer algumas poucas imagens após alguns segundos? O que determina se uma imagem é armazenada na memória de longo prazo ou de curto prazo?

Essa questão foi motivo de um estudo que concluiu que o fator crítico está no quanto essas imagens recordadas são significativas, ou seja, se o conteúdo das imagens forma uma conexão com algum conhecimento prévio sobre elas. No primeiro estudo, o participante tinha que lembrar de quadrados e cores que não tinham significado para ele. Já no estudo seguinte, por se tratar de cenas reais, o participante já possuía algum tipo de conhecimento a respeito.

Esse conhecimento prévio altera a forma com que a imagem é processada, permitindo com que milhares delas sejam transferidas da memória de trabalho para a de longo prazo, com incrível nível de detalhe. Isso ajuda a explicar porque somos tão ruins em lembrar algumas coisas e tão bons em outras.

 

Fonte: Cérebro melhor

2 comentários:

  1. Olá Querida, acho que esta informação pode ser levado em consideração, também, para aprendizagem em sala de aula, não?!Bjs

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    Respostas
    1. Olá, querida
      obrigada pelo comentário e sua visita no blog.

      Concordo contigo! É fundamental que nós, educadores, tenhamos sempre em mente que a aprendizagem só ocorre se o conteúdo que estiver sendo trabalhado se "conecte" com conhecimentos anteriores gravados na memória dos alunos. Conhecimento prévio significativo é um dos requisitos para a aprendizagem.

      Beijos

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