O que os pais podem
fazer quando seus filhos têm problemas na escola 1ª parte
Por Don A. Blackerby Ph.D.
Uma das maiores
frustrações para os pais é descobrir que seus filhos têm dificuldades na
escola. A maioria dos pais não sabe o que fazer nem onde buscar auxílio. A
maneira mais óbvia de encontrar esse auxílio seria falar com os professores, na
própria escola. No entanto, muitas vezes, os professores também não sabem o que
fazer. Parte do problema deve-se ao fato de que os professores não são
treinados extensivamente para lidar com alunos que têm dificuldades. Esse é um
problema muito complexo, e com muitas causas.
A culpa está em toda
parte. Todos apontam o dedo para alguém, como sendo o responsável pelo
problema. Os pais, muitas vezes, culpam os professores ou o sistema escolar. Os
professores, muitas vezes, culpam os pais, a falta de apoio familiar, ou a
falta de fundos para adquirir material e livros. TODOS culpam o aluno. Eles
acusam o estudante de não fazer o esforço necessário, ou de ser preguiçoso, ou
de não ligar para a escola. Frequentemente, eles rotulam o aluno como incapaz
de aprender e o colocam em classes especiais. Enquanto isso, o aluno continua
com problemas, e o nível de frustração de todos continua a crescer.
A maioria das
soluções busca a mudança de comportamento e de ambiente do aluno. Nós podemos
ensiná-lo, cortar-lhe os programas de TV, fazê-lo estudar por mais tempo, ou
monitorar seu trabalho escolar para garantir que o mesmo seja realizado. Às
vezes, mudamos de professores ou de escola, ou levamos o aluno a fazer seu
trabalho de casa num local diferente, ou em horários diferentes. Na maioria das
vezes, essas tentativas não trazem qualquer solução a longo prazo. Produzem uma
grande quantidade de policiamento por parte dos pais e muito desacordo entre o
aluno e seus pais. Isso fere sentimentos e causa ainda mais frustração tanto
para os pais como para o estudante.
Talvez seja a hora de
buscar soluções em lugares diferentes. Talvez, a verdadeira resposta sobre como
ajudar os alunos com dificuldade não esteja em mudar seu comportamento ou
ambiente, mas sim na maneira como o estudante percebe a escola e o aprendizado.
Em minha opinião, existem cinco áreas básicas, dentro das quais se originam os
problemas escolares. São elas:
·
Atitude inadequada em relação à escola,
·
Falta de conhecimento sobre como aprender,
·
Falta de motivação,
·
Suposição de intenção negativa
·
Reação inadequada dos pais e dos professores.
ATITUDE: Certifique-se de
que o aluno tem uma maneira adequada de pensar SOBRE a escola e o aprendizado,
ou SOBRE certos assuntos. A forma como um aluno pensa sobre a escola define a
existência ou inexistência de sentido da mesma. Se a escola não tiver
significado positivo, ela se torna uma incubadora de problemas de
comportamento. Eu uso uma metáfora: "Não saber o que significa a escola é
como armar um quebra-cabeças sem olhar a figura da caixa. Sem esta, as peças,
individualmente, não têm significado algum. Quando se observa a figura da
caixa, vê-se de que maneira as peças devem ser combinadas – e de que maneira as
diferentes partes do quebra-cabeça se relacionam entre si."
Pode-se descobrir
qual é a atitude do estudante através da resposta à seguinte pergunta: "O
que a escola significa para você?" Se ele responder coisas como:
"Nada", ou "Não sei", ou "Lá eu vejo meus amigos"
, ou "Eu tenho que frequentá-la", isso demonstra que ele vê a escola
como algo sem sentido. Na melhor das hipóteses, ele se obriga a fazer as
tarefas que lhe são impostas. A escola não é nada interessante. Se ele disser:
"A escola é chata, eu a odeio!", ou "Os professores implicam
comigo", ou alguma variação disso, a escola significa um problema de
comportamento após o outro. Se a resposta for alguma variação de: "É o
lugar aonde vou para aprender coisas novas", então a escola tem um
significado positivo e será algo interessante.
Um dos níveis em que
a atitude e o significado realmente fazem a diferença, é a faculdade. Muitas
vezes, os estudantes se matriculam na faculdade porque é isso que se espera
deles, ou porque querem ter um nível superior. No entanto, muitas vezes, eles
ainda não sabem o que desejam de uma profissão ou carreira. Eles ainda não
imaginaram o que desejam fazer de suas próprias vidas. Quando isso acontece,
muitas vezes o trabalho do curso não terá sentido para eles. Por isso, eles
devem forçar a si próprios a estudar. Se ainda não aprenderam boas estratégias
de aprendizado, o trabalho mais complexo do curso será ainda mais difícil para
eles do que foi nos níveis inferiores. Isso, juntamente com a falta de sentido
dos cursos, torna a faculdade uma experiência muito frustrante. Acrescente-se a
essa frustração a experiência dos estudantes que começam a viver independentes
pela primeira vez, e isso muitas vezes torna sua vida social muito mais
tentadora do que o estudo. Suas notas caem ainda mais rapidamente. Aí, eles
começam a pensar que a faculdade não é para eles. Quando eu recebo um desses
estudantes para conversar, eu procuro eliciar sua Pergunta Virtual. Essa
Pergunta Virtual é uma pergunta inconsciente que define quem eles são e qual é
sua finalidade de estar aqui no planeta terra. Ela define a vida deles e o que
REALMENTE importa para eles. Uma vez conhecendo sua Pergunta Virtual, eles
podem escolher carreiras e tomar outras decisões importantes, para encontrar
uma resposta a essa Pergunta Virtual.
Outro fenômeno
interessante que encontro quando trabalho com estudantes e seus pais, é a ideia
de que eles gostam, ou não gostam, de determinadas matérias. A maneira como
eles falam sobre elas faz parecer que isso é uma lei natural ou genética. Eles
fazem comentários como: "Eu gosto de Inglês e de História." Adivinhe
em que matérias eles se saem bem? Gostar ou não de uma matéria é uma questão de
percepção – e a percepção pode ser mudada. Pense nas vezes, em sua vida, que
você mudou a percepção de alguma coisa. Pode ter sido por influência de um
professor, ou pela maneira como um amigo explicou o assunto, ou você descobriu
um aspecto do assunto que captou o seu interesse. Um dos fatores que influencia
fortemente o gostar ou não de uma matéria é a maneira como nós pensamos SOBRE
ela. Se nós pensamos de uma maneira negativa, geralmente não vamos gostar dela
porque ela não fará sentido para nós. Se tivermos uma forma boa ou útil de
pensar sobre ela, então nós gostaremos dela, porque vemos sua finalidade.
Eu fui professor de
matemática. Assim sendo, sempre tive interesse em saber porque alguns alunos
gostam de matemática e outros não. Até agora, encontrei quatro causas
fundamentais dos problemas dos alunos em relação à matemática. São as
seguintes:
- Eles não têm o conhecimento dos fatos matemáticos de maneira que os mesmos lhes sejam automáticos. Os fatos matemáticos são somar, subtrair, multiplicar e dividir os números de 0-9 ( ex.: 8x7=56, ou 9+6=15, ou 63:7=9). Ao invés desses fatos serem automáticos, muitos estudantes têm estratégias para computar tais respostas. Essas estratégias irão atrasá-los no futuro, quando estiverem lidando com problemas mais complexos.
- Eles não conhecem a terminologia da matemática de forma que possam compreender o professor ou a leitura do livro.
- Eles não têm uma estratégia para aprender matemática.
- Eles não tem uma maneira positiva de pensar sobre matemática, que ative seu interesse e motivação.
Vamos discutir as
primeiras três causas na próxima seção. A última está muito relacionada com
esta seção. Muitas vezes, quando pergunto a um aluno: "Em sua opinião, o
que a matemática estuda?", recebo respostas que vão desde um "Eu não
sei", até "Serve para controlar meu talão de cheques" ou
"Serve para que eu possa fazer trocos." Nenhuma dessas respostas é
inspiradora ou motivadora. Nem ajudaria a dar sentido a 99% da matemática.
Eu ofereço a eles a
minha versão: "Matemática é o estudo da manipulação dos números e letras
para resolver problemas do mundo, que envolvam quantidades. Os números e as
letras são medidas de quantidades." Então, eu lhes dou muitos exemplos de
problemas, começando no primeiro grau e indo além. Por exemplo: "No
primeiro ano, você aprende a manipular os números, somando-os. Assim, você
resolve problemas como "Você tem 5 maçãs e o seu amigo tem 4. Quantas
maçãs vocês têm, juntos?" Mais tarde, na quinta série, você aprende que
existem frações, aprende a somar, subtrair, multiplicar e dividir frações.
Depois, você aprende a solucionar problemas como ‘Sua mãe fez dois bolos para o
dia de Ação de Graças, uma torta de maçã e uma de cereja. Sobrou ½ torta de
maçã e 1/3 da torta de cereja. Que quantidade de torta sobrou?’ Em Álgebra,
você aprende a usar fórmulas para resolver problemas como: ‘O Sr. Smith,
proprietário da Smith Wholesale Clothes, desejava celebrar a chegada do ano
2000 com uma liquidação de 20%. Se ele tivesse uma camisa que originalmente
vendia por $45, qual seria o preço de venda? O estudo da matemática continua
assim, praticamente durante todo o tempo de escola."
Don A. Blackerby, Ph.D. é o fundador de SUCCESS SKILLS em Oklahoma City. Ele foi professor de
matemática e diretor de escola, e fundou a SUCCESS SKILLS em 1981, a fim de
focalizar o uso da Programação Neolinguística (PNL) para ajudar os alunos com
dificuldades na escola. Em 1996, ele escreveu um livro, Rediscover the Joy
of Learning, no qual descreve suas estratégias e processos baseados na PNL,
para ajudar os alunos com problemas, inclusive aqueles que sofrem da Desordem
da Deficiência de Atenção (ADD). Ele pode ser contatado de várias maneiras. Seu
endereço : SUCCESS SKILLS, P.O.Box 42631, Oklahoma City, OK 73123 USA. E-mail: info@nlpok.com. Site: www.nlpok.com
Trad. Hélia Cadore
Publicado na revista Anchor Point de setembro 2000.
Publicado na revista Anchor Point de setembro 2000.
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