Por Norita M. Dastre
Por muitos anos os cientistas afirmaram que ao atingir determinada idade o cérebro perderia a capacidade de produção neural, que se o tecido cerebral fosse lesado em regiões específicas por conta de derrames, traumatismos ou doenças, essa região jamais se regeneraria causando no indivíduo uma perda total da função exercida por ela.
Atualmente sabemos, por meio dos resultados das pesquisas científicas, que embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui uma capacidade de se reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o processamento das informações e que essa capacidade de modificação e rearranjo das redes de neurônios formam novas sinapses reforçadas. Assim múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis, pois o cérebro é altamente maleável e com os estímulos, adequados e intensos, pode-se modificar a estrutura cerebral desenvolvendo habilidades.
Segundo HOUZEL (2010)
O que nós sabemos, no entanto, é que mesmo que o cérebro não consiga reconstruir o tecido afetado, o tecido que ele perdeu, ele é capaz de usar o que sobrou e modificar a maneira como essas regiões restantes do cérebro são usadas. E a base disso tudo é o uso. A reorganização funcional do cérebro acontece quando existe demanda, quando nós insistimos em resolvermos um problema.
A descoberta da Neuroplasticidade, ou seja, da capacidade plástica do cérebro, da sua maleabilidade na qual ele se adapta às experiências e de que há uma rede de conexão neural muito ampla, portanto, de que algumas funções que anteriormente eram executadas por áreas cerebrais lesadas ou disfuncionais, podem ser assumidas por outras áreas fazendo com que ocorra uma reorganização e reestruturação das conexões neurais, desfez antigas crenças de que o cérebro só se modificava com a velhice.
Assim como o cérebro das crianças -que apresenta uma neuroplasticidade mais intensa- o do adulto também apresenta essa plasticidade, que cria novas e corretas conexões para que ele possa aprender a cada dia mais.
As neurociências demonstraram por meio dos seus experimentos, como os realizados em 2000 por cientistas britânicos (1) com os taxistas de Londres que por exercitarem diariamente a memorização de ruas e rotas da cidade estimularam e desenvolveram o hipocampo – região fundamental da memória espacial- mais que outras pessoas e que a capacidade de memorização não declinou com o passar dos anos e sim ocorreu o contrário, pois a atividade mental contínua gerou novos neurônios que migraram para a área mais utilizada pelos motoristas, que o exercício mental e o estímulo, têm como consequência a produção de novas células nervosas.
Essa descoberta abre possibilidades para a reabilitação de pessoas com lesões cerebrais e para que as crianças e adolescentes tenham novas esperanças para o tratamento dos distúrbios e transtornos de aprendizagem.
Entendo que os educadores – pais, professores, cuidadores- que conhecerem sobre a plasticidade cerebral, as janelas de oportunidades ou os períodos críticos, sobre o Sistema de Recompensa, sobre quais estímulos e tempos adequados devem ser proporcionados e sobre as estratégias adequadas a serem utilizadas no processo de aprendizagem, poderão contribuir sobremaneira para que as nossas crianças obtenham expertise, ou seja, excelência em várias dimensões da sua vida.
muito interessante!
ResponderExcluirOlá Dani,
Excluireste tema é realmente muito interessante!
A partir destes estudos muitas pessoas se beneficiaram após sofrerem lesões cerebrais.
Agradeço seu comentário e aguardo sugestões.
Um abraço
Gostaria de receber mais sobre neuroplasticidade pois, estou estudando este tema no curso de psicopedagogia
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa noite, sugiro a seguinte bibliografia:
ExcluirGAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B.; MANGUN, George R. Neurociência cognitiva: a biologia da mente. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 768 p.
HOUZEL-H. Suzana: Neurociências na Educação: Neurociência do aprendizado. ATTA.
Obrigada pelo contato