Certamente podemos encontrar em todas as salas de aula crianças e adolescentes, extremamente inquietos e desatentos, que não conseguem controlar a agitação interna que os leva a se comportar inadequadamente por exemplo, a perambular pela sala, a provocar os colegas, a desafiar a autoridade dos adultos, a não realizar as suas atividades, a não se concentrar, etc. e consequentemente a terem um baixo desempenho acadêmico e prejuízos nas relações sociais.
Essas crianças e adolescentes podem estar sinalizando, com esses comportamentos, um transtorno mental crônico, neurobiológico, multifatorial caracterizado pela dificuldade em prestar atenção, hiperatividade e impulsividade que combinadas em graus variados e manifestados já na primeira infância e em vários contextos persistem por toda a vida adulta, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
As pessoas não se tornam TDAH, mas nascem com o transtorno. Esse dado é um subsídio para que os educadores identifiquem os sintomas nas crianças no início da vida escolar e possam encaminhá-las para uma avaliação e tratamento multidisciplinar contribuindo assim para que tenham uma melhora na qualidade de vida.
O TDAH, é de alta frequência, entre 3% a 6% em crianças em idade escolar e tem um grande impacto na vida social e acadêmica do portador, na sua família e na sociedade. Portanto, os educadores (inclui-se os pais e demais educadores) devem estar atentos aos sintomas, pois o seu desenvolvimento está associado a um risco maior de baixo desempenho acadêmico, suspensões, expulsões, repetências, evasão escolar, relacionamentos conflituosos com a família, professores e colegas, baixa auto-estima, problemas de conduta, ansiedade, depressão, drogadição, tendência a se acidentar com frequência e a apresentar comorbidades (mais doenças associadas) como o Transtorno Opositor Desafiante (TOD) - (não respeitam qualquer figura de autoridade-pais, professores, policiais,etc.) e o Transtorno de Conduta (TC).
O diagnóstico do TDAH é clínico, não há um exame que se possa fazer para diagnosticá-lo, por esse motivo os pais e os professores têm importante papel na identificação dos sintomas nas crianças e adolescentes. Para isso podem lançar mão dos critérios constantes do SNAP IV[i] -um questionário- a seguir, assinalando quais são os comportamentos mais frequentes, mas sempre observando que esses sintomas devem aparecer em mais de um contexto, ou seja, eles devem ser uma constante na vida social e acadêmica das crianças e adolescentes. Os sintomas devem estar presentes antes dos sete anos de idade e estar causando problemas na vida escolar, social ou familiar
O TDAH está classificado em seus subtipos:
- TDAH com predomínio de sintomas de desatenção:
- É mais frequente no sexo feminino.
- A hiperatividade pode não ocorrer.
- Há uma elevada taxa de prejuízo acadêmico.
-
- TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade
- Mais frequente nos meninos.
- Eles são mais agressivos e impulsivos em relação ao subtipo desatento.
- São mais rejeitados pelos colegas e impopulares (fazem amizade com facilidade e brigam com facilidade).
- A impulsividade faz com que ajam primeiro e pensem depois.
- TDAH combinado – Sintomas de desatenção com a hiperatividade/impulsividade
- Há uma elevada taxa de prejuízo acadêmico.
- Maior presença de sintomas de Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) (não respeitam qualquer figura de autoridade-pais, professores, policiais,etc.) e Transtorno de Conduta (TC).
- Maior prejuízo no funcionamento global quando comparado aos outros subtipos.
Diante desse quadro podemos ter a dimensão do sofrimento causado pelo TDAH na vida de todos, crianças, adolescentes e adultos. Se essas pessoas não são diagnosticadas e tratadas, continuarão sofrendo e terão prejuízos em todas as dimensões da sua vida.
Fonte: Palestra de Lucília Panisset – BH/MG. Tradução de Hélio Magri Filho. De KEWLEY, G. D. Attention Deficit Hyperactivity Disorder: Recognition, Reality and Resolution. UK: LAC Press, 1999. Impresso com permissão.
Fonte: Palestra de Lucília Panisset – BH/MG. Tradução de Hélio Magri Filho. De KEWLEY, G. D. Attention Deficit Hyperactivity Disorder: Recognition, Reality and Resolution. UK: LAC Press, 1999. Impresso com permissão.
Oi Norita, boa noite
ResponderExcluirSeu blog é bem completo! Aprendi muito com o conteúdo tratado aqui.
Gostaria de sugerir que se aprofunde nas Neurociências e poste textos sobre.
Obrigada
Rita
Rita, minha resposta foi apagada indevidamente. Muito obrigada pela sugestão. Tentarei me aprofundar no tema sugerido.
ExcluirAbraço